quinta-feira, dezembro 28, 2006

Sara...simplesmente Sara...*


* Sara: do hebraico: "soberana, princesa".

Lembro-me muito bem quando proferi uma promessa: farei a ti uma merecida homenagem porque és/foste importante para mim. Isso ocorreu no dia 29 de Outubro deste ano (2006), na última vez em que nos falamos.

Pois, Sara, aqui está tua homenagem, não sei se a altura do que mereces e da tua grandeza, mas o máximo que pude, foi o que minha força interior me instigou a realizar!

Como homenagem que é, tentarei falar o mínimo de mim, até porque és tu, Sara Corrêa Minolli, simplesmente tu, a homenageada. Não faltaram impressões da minha parte, sonhos, projetos, desejos, titubeações construídas e desconstruídas no decorrer do nosso conhecer, amadurecidas, naturalmente, com o tempo.

Eis... a homenagem em si...

Para ser grande (Ricardo Reis _ heterônimo Fernando Pessoa)

Para ser grande, sê inteiro: nada

teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

Por que começar a homenagem com este poema? Não sei exatamente, poderia ter começado por muitos outros, no entanto quando a este li, decidi, será com este! Apesar do pouco tempo de contato, de relação propriamente dita, enfatizando que nossa conversa só se deu pelas ondas da web, ainda assim digo com certa certeza: nossa relação foi intensa, bonita e engrandecedora. Um terceiro ao ler isto pensará que ‘esse pouco tempo’ que tivemos é uma figuração lingüística que, na verdade, quer expressar ‘pouco foi o tempo tido para tudo desfrutarmos’. Pensará talvez esse terceiro que trocamos juras de amor, que fomos cúmplices de promessas, de sonhos, de ideais. Respondo a esse terceiro: há pouco tempo mesmo nos conhecemos (a 10 de Julho deste ano, para ser mais exato) e não trocamos nenhuma jura de amor, nenhum sonho ou ideal, mas algo, sim, nos fez cúmplices. Cúmplices a ponto de passarmos a conversar madrugadas a fio pelo simples prazer de conhecer mais do outro. Esse algo tem muito a ver com o poema acima. A cada dia ganho em conversa pela madrugada, a cada suspiro por saber que existe alguém que se importa contigo, que te escuta e que não necessariamente tenha as mesmas predileções, eu ganhava em espírito, em alta-estima, em amizade, em ver suscitar uma força arrebatadora dentro de mim como a fazer dinamitar ‘vozes reprimidas’. Tu, Sara, grande Sara, fez-me enxergar isso em mim, e assim “a lua (tu) toda brilha, porque alta vive”.

A cada dia que se passava, tu, minha querida, mostrava-se como realmente és, dócil, amável e resoluta, qualidade esta que sempre fiz questão de pôr como uma das que mais me permitiram ser um admirador teu.

Como homenagem que é não espero deixar a impressão falseada, comum a maioria das biografias, de que te vejo como perfeita, algo que certamente ninguém o é. E por seres assim, tão certa do que queres, tão certa das coisas, é que acabas por te tornar inflexível em algumas situações, privando-te de certas possibilidades na vida. Quero expor que esta visão ora apresentada é apenas o meu ponto de vista, e como ponto de vista ele é só um ponto de vista!

Conhecer-te, Sara, foi uma dádiva. E não falo isso senão impulsionado por uma força que vem de dentro, do meu âmago. A constatação por ti aludida – e contestada injustamente por mim – de que perderíamos contato, nossa relação perderia aquele forte liame dos primeiros tempos, corroía-me de tal forma que chegava a doer n’alma, pois não queria tentar conceber uma realidade sem Sara, não desejava acordar amanhã e me deparar com a impossibilidade de falar contigo. Hoje esse medo de ‘te perder’ não me assusta tanto, até porque enxergo as coisas um pouco diferente do que antes, acredito que chegamos num ponto inevitável ditado pelas nossas (distintas) realidades. Em meio a pensamentos (horríveis e dolorosos, diga-se de passagem) de que te perderia, compus o seguinte poema:

Círculo (Ricardo)

“Que nossa estada não seja a estrada

errante, errônea

que possa ser até vagante,

mas sempre circulante

para que em algum ponto

a gente se reencontre”

Talvez, querida Sara, aches que exagero nos termos das palavras aqui postas. Mas não exagero! Aqui quem fala são aqueles que dizem por mim: meus sentimentos e emoções. E eles pregam tributo a ti, pessoa maravilhosa, singular, alguém que me cativou deveras e que muito deve despertar nas pessoas próximas um imenso afeto por ti.

Tu sabes, Sara, que por vezes dou suspiros de cronista e – mais raro ainda – de poeta. Fernando Pessoa no poema intitulado ‘Autopsicografia’ diz que “O poeta é um fingidor./Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente...”. Pois não sei se concordo com ele. Se o poeta finge a dor, também deve fingir o amor! Essa idéia não me agrada muito! Digo, afirmo e com a mesma certeza que tenho de que estou vivo, de que não findamos quando morremos, existe algo além-matéria, com a mesma certeza de que não estamos sós no universo, porque pensar isso seria no mínimo egocentrismo por querer reduzi-lo só a nós humanos, com todas essas certezas eu tenho outra certeza: o meu amor por ti é certo. É tão certo como o dia que amanhece, como os olhos que vêem, como a sinfonia de música é o arranjo perfeito para a alma. É um sentimento sincero, que chega a ser divino. Transcende e não se confunde com o amor de namorados, pois este geralmente termina. É um sentimento forte por essência, mais para ser sentido do que pensado. Sinto porque sinto. Sinto porque tu, Sara, és especial, és alguém para se regar a cada manhã, a cada hora, a cada instante. És um achado raro, um elemento para se guardar a sete chaves, até para se esconder a fim de que as intempéries da inveja, do rancor, da desilusão não te atinjam. Infelizmente terás que passar e enfrentar todas essas coisas e só depois disso saberás realmente em quem confiar.

Como tudo na vida é um ciclo, em que as vezes pensamos chegar ou passar por um ponto já conhecido, acredito que te conhecer fazia parte do meu destino-ciclo. Na verdade não acredito em destino. Acredito em coincidências. Acredito em construção de nossas próprias trilhas, boas e más. Conhecer-te, querida, foi uma grande sorte. Querer estar próximo de ti por longo período seria querer forçar a ‘barra’. Agradeço a Deus por ter tido tua proximidade por algum tempo. Hoje penso que já seria feliz se só por alguns segundos tivesses falado contigo. Deus deu-me mais. Deu-me meses! Se o contato em si é raro, quase nunca, a admiração e o pensar em ti permanecem e se fortalecem. Uma música ecoa minha alma e ela sempre te traz aos meus pensamentos:

Mensagem de amor (Herbert Viana)

Os livros na estante já não têm mais tanta importância

Do muito que eu li, do pouco que eu sei

Nada me resta

A não ser a vontade de te encontrar

O motivo eu já nem sei

Nem que seja só para estar ao seu lado

Só pra ler no seu rosto

Uma mensagem de amor

À noite eu me deito,

Então escuto a mensagem no ar

Tambores rufando

Eu já não tenho nada pra te dar

No céu estrelado eu me perco

Com os pés na terra

Vagando entre os astros

Nada me move nem me faz parar

A não ser a vontade de te encontrar

O motivo eu já nem sei

Nem que seja só para estar ao seu lado

Só pra ler no seu rosto

Uma mensagem de amor.

E assim, a viver de sensações, da sensação de te ter ainda presente, não fisicamente, mas em pensamento, em desejo constante para que estejas bem, aqui fico e findo esta homenagem dizendo: até, Sara. Até, amada, minha amada, grande amada, linda princesa! Seja feliz!