Teus últimos suspiros, cansados e dolorosos, eu escutei. Aquele olhar – teu olhar -, distante, disperso e enigmático, eu contemplei. Parecias querer me dizer algo. Parecias te despedir. Parecias me agradecer. Eu não consigo chorar!
Já estavas na minha vida há 3 anos. Apesar de na ocasião ainda me recuperar do desaparecimento da (tua) vovó Rossana, soube desde logo que serias minha alegria, com assento próprio na minha seleta memória. E assim foi. És. Com esse jeito todo singular de ser me conquistaste. Nunca foste muito ativo, sempre na tua vagarosidade de costume. Diferente dos outros, nada pedias, nada disputavas. Esperava que te dessem.
Eras a atração da casa. Tua semelhança com tigre – eras um tigrinho – a todos encantava. Teus olhos, sublimes, tentava perscrutá-los indagando-os por vezes – “o que pensas?”; “o que queres?” ou ainda “sou importante para ti?” -, mas em vão, resposta nunca veio, só entendi que me entendias, da tua forma, na tua linguagem. Que dor é essa?
À minha completa falta de habilidade em te chamar, de atrair a tua atenção, via um Teco todo confuso, todo sem jeito para expressar o que queria, por isso digo que eras minha identidade felina e eu, tua identidade humana. Comunicávamos-nos com e pelo carinho. Meu cafuné tinha liberdade em ti, deixava-te mais bonito e dócil. Em troca, tinha a satisfação de te ver bem, agradecido, este era teu carinho em mim. É difícil suportar: te foste...
Houve também erros. Erraste e quando tais ocorreram precisei te corrigir. Fi-lo senão com uma dó no coração, pois tinha que ser bravo contigo, coisa que não gostava, porém era necessário. Não demorava e como pedido de desculpas roçava-te nas minhas pernas. Terminávamos no cafuné e assim selávamos a paz. Esse era o nosso dialeto. Todavia, trouxeste um termo estranho à nossa linguagem: DESPEDIDA. para onde? por que?
No horizonte tento angular meu olhar ao teu. Não consigo. Não conseguirei. O meu não consegue ver tão longe, só percebe a tristeza de sentir a ida do seu ente. Eu chorei: Teco se foi...
Adeus meu amado gato
Teço-Teco...
4 comentários:
Ah... Ricardo...
Sinto muito...
O texto está lindo, mas não gostaríamos que houvesse reais (e tão cruéis) necessidades de escrevê-lo.
Espero que a doce recordação dos momentos junto ao "Teco" seja a memória pulsante e (por que não?) ACALENTADORA que conforte teu coração!
Fica com DEUS, meu amigo.
Litos.
Nunca mais eu tinha vindo aqui... Salve Teco!
Mescouto.
OI FILHO!!
CHEGUEI NO SEU BLOG...
VISITEI!!GOSTEI?? NAO!
ADOREEEII!!!!
PARABÉNS!!
VC É ESPECIAL...
É ÚNICO!!!
Teco terecoteco na na batida do maieco. Um trecho de uma musica criada por minha vó em homenagem ao teco :(
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