Tudo vai
Tudo move
Tudo devolve
Tudo revolve
Tudo pára
e gira
Tudo imagina
Tudo imortaliza
Tudo, tudo, tudo, tudo, mas quem disse que tudo é Tudo?
Tudo é também Nada e o nada tudo completa.
Então, pra que querer tudo se o tudo também é constituído do nada?
Há quem diga que o Nada é importante, e que todos o desejam:
Nada-morte
Nada-corte
Nada ignorância
Nada petulância
Hipocrisia... nada
Desventura... nada
Desesperança... nada
Tudo nada!
Há outros que desprezam o Nada, o vazio, a não existência das coisas. Exaltam o infinito:
Infinito amor
Infinito amar
Infinito mar
Infinito dar
Infinito doar-se
Infinito... tudo infindo!
Desejo o Tudo e o Nada, eles se completam, são dialéticos, imiscuem-se a ponto de um poder ser o outro sem que percam suas naturezas (o tudo de tudo e o nada de nada).
Assim sou... assim somos
Dias sou tudo
Noutros, nada
Dias eu faço alguém regozijar
Noutros faço um lindo ser chorar.
Em dias tudo erro
e nada em outros.
Não sou perfeito, espelho
Nem imperfeito, imagem distorcida
Sou só esse tudo, esse nada
Esse que errou e pede perdão.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Bom, apesar de eu odiar fazer poemas por achar muito difícil a feitura dos mesmos, eu por vezes ainda me aventuro (sou teimoso, sei disso), mas sinceramente não tenho coragem em expô-los, mostrá-los ou postá-los. Este é uma exceção, pois é um poema meu muito querido e sempre o releio, o revisito. Espero que gostem e que o comentem.
Abraços,
Ricardo Daltro
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9 comentários:
Excelente divagação sobre o tudo e o nada...são duas coisas muito distantes mas que se tocam...o poema aborda isso entre outras coisas...o Universo veio do nada e hoje é tudo, pelo menos o que conhecemos...grau dez para o poema...
Adorei, primo! Muito bom mesmo! :)
Nada se perde e tudo se transforma Rooowllll!!
Eu já havia esbarrada com esse poema antes, não é?
Perfeito!
;*
uau!
eu sabia q nao era fama por fama a sua!!!
eheheh
vc escreve mt bem e mt bonito!
ps. nao disse q passaria por aqui?!
ehheh
Gosto da maneira com que observas a vida.
És intenso e detalhista.
")
Querido amigo, uma coisa ressalto e ao mesmo tempo discordo do comentário que fizeste do próprio poema. Apesar de não gostares de escrever poesia, justamente pelo grau de dificuldade para construir-se uma, você prima a excelência em todos os âmbitos literários, pois vejo ritmo, conteúdo, estética e criatividade no seu fazer poético. Explore mais este gênero que voarás cada vez mais alto nas palavras, as quais já pertencem ao seu mundo particular. Ou seja, PARABÉNS!! Você, além de cronista, é um excelente poeta!
Diante do poema em tela, podemos constatar a presença de vários elementos pertinentes às temáticas literárias que foram abordadas durante a disciplina Teoria do Texto Poético.
Antes de analisarmos os aspectos literários, faz-se necessário enfocar o texto através de um viés filosófico que o autor recebe de Friedrich Nietzsche. Partindo do pressuposto filosófico niilista, encontramos no poema a relação de alguns conceitos pertinentes à desvalorização e à morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “por que”. Os valores tradicionais se depreciam e os princípios e critérios absolutos dissolvem-se. O “Tudo” e o “Nada” são sacudidos, postos radicalmente em discussão. A superfície dos conceitos, antes congelada das verdades e dos valores tradicionais, está despedaçada e torna-se difícil prosseguir no caminho e avistar alguma espécie de “ancoradouro”.
Ao nos depararmos com a primeira estrofe, vislumbramos uma situação corriqueira do cotidiano. É a dinâmica efêmera e sistemática do capitalismo.
Depreende-se que o autor utiliza-se da mimese para fazer a relação da arte com o natural. O autor procura materiais e formas adequadas para obter o efeito imitativo quando relaciona o movimento de uma roda com a dinâmica do sistema financeiro vigente.
Cumpre ressaltar que o autor não copia, mas representa a realidade por meio da fantasia e da obediência a regras e preceitos para que o poema figure algum ser (natural ou sobrenatural), algum sentimento ou emoção, algum fato (acontecido ou inventado).
Observando a construção do poema, considerando que a linguagem literária do poema apresenta recursos estilísticos próprios, concernentes ao seu nível fônico, lexical (Tudo e Nada), sintático e semântico, o poema apresenta proporção das formas, dos ritmos, da sua estrutura, das palavras e dos sons que oferecem os meios necessários para que a sua finalidade seja alcançada.
Notamos a presença de frases curtas e longas que, agrupadas e vistas de longe, denotam uma pessoa estática ponderando sobre algo.
Quanto ao aspecto fônico, existe uma semelhança sonora entre as palavras da primeira, quarta e quinta estrofe.
O uso excessivo da primeira pessoa do singular (eu) nas estrofes finais desvela também um caráter emotivo da função da linguagem.
Segundo as intenções comunicativas do autor, os valores demolidos darão lugar para novos valores. Por conseguinte, haverá a negação do desperdício da força vital na esperança vã de uma recompensa ou de um sentido para a vida; opondo-se frontalmente a autores socráticos e, obviamente, à moral cristã. Desta forma, o eu - lírico nega que a vida deva ser regida por qualquer tipo de padrão moral tendo em vista um mundo superior (“Nada ignorância, Nada petulância, Hipocrisia... nada Desventura... nada Desesperança... nada”), pois isso faz com que o homem minta a si próprio, falsifique-se, enquanto vive a vida fixado numa mentira. Assim, no niilismo não se promove a criação de qualquer tipo de valores, já que ela é considerada uma atitude negativa.
Deste modo, o poema constitui uma função predominantemente poética, haja vista que há a preocupação do emissor em organizar de maneira satisfatória seu texto a fim de seduzir o receptor com uma mensagem inusitada, diferente do uso corrente da linguagem verbal, de seu sentido denotativo.
É válido salientar que o poema não só diagnostica a doença do nosso tempo (a rapidez; a inconstância; o efêmero, o desejo insaciável de querer tudo e ao mesmo tempo o nada) como tenta indicar também um remédio: o perdão.
Destarte, o poema está mais para a modernidade, uma vez que o niilismo passa a designar um movimento de rebelião contra a ordem estabelecida, o atraso, o imobilismo da sociedade e os seus valores.
O poema revela elementos da vida que se somam na essencia. Almeijamos tanto o "tudo" e ao menos tempo o "nada",quando ambos se completam.
O texto é maravilhoso e verdadeiro assim como voce!
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